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Ser tua Mãe

Uma espécie de diário desde o dia que soube que ia ser tua Mãe.

Uma espécie de diário desde o dia que soube que ia ser tua Mãe.

Ser tua Mãe

05
Dez18

1 ano. 12 meses. 365 dias.

para ti.

 

Decidi começar a escrever este texto 1 semana antes de fazeres um ano para não me esquecer de nada. No entanto, acho que mesmo assim me irão faltar palavras para descrever este ano.
Tudo começou naquele dia que de manhã tomei um banho e falei para a barriga, cantei mais uma vez para ti e disse “até já filho”. Saímos os três de casa no nosso Clio contigo aos saltos na barriga da mãe. A ansiedade por este dia, que não existiu durante a calma gravidez que tive, começou a vir à tona. O teu pai tentava mostrar calma mas via na cara dele o pânico. Íamos ser pais dentro de horas.
Chegámos ao hospital 1he30min antes do combinado com o doutor. Fizemos o check-in e o meu coração começava a bater forte. Dentro de horas já te ia ter nos braços e aquela bolinha que tinha ia desaparecer. Tentei interiorizar isso, mas não consegui. Tentei deixar de pensar e deixar-me ir.
Quando chegou a hora a minha cara transmitia calma, mas o meu coração ninguém ainda tinha ouvido, esse sim disparava. Entrei no bloco de partos e chamei pelo teu pai. Disseram que ele já vinha. Esperei e lá entrou ele para perto de mim. Dentro de minutos ias nascer. E assim foi. No meio de uma anestesia química e de uma anestesia de amor vi-te nascer. Choraste. E eu chorei e explodi de amor e só conseguia dizer “o meu bebé, o meu bebé, quero o meu bebé”. Olhei para o relógio eram 10h30 e tu pesavas 3,670kg. Lindo, redondinho respiravas perfeitinho a meu lado. O teu pai tirou as primeiras fotos e o ar dele… nunca vou esquecer. Estava repleto de amor. Depois fomos para o recobro 3h. 3h só nós os dois e depois seriamos do mundo. Começaste a mamar e eu fazia tudo em modo automático no meio da anestesia do amor e da paixão à primeira vista.
Os dias no hospital, não foram bons. Só queria ir para casa. A amamentação no hospital foi péssima, e tu choraste muito. Infelizmente é só o que levo desses dias.
Fomos para casa 3 dias depois e aí começou a grande aventura.
Os primeiros tempos estávamos completamente atordoados. Não pelo parto, porque recuperei super rápido, mas pela amamentação que teimava a custar e pelo teu choro que era bastante intenso. As noites eram estranhas. Tu fazias barulhos e nós tínhamos medo que não estivesses bem… um recém-nascido era algo completamente novo para os teus pais!
Começou a fase do meu choro (baby blues dizem os especialistas, um cocktail de emoções) e a fase de eu precisar de te conhecer. Precisava de estar só contigo e com o teu pai. E muita gente não percebeu e não queria respeitar esse espaço.
Quanto a amamentação não desisti e lutei muito. Durante 2 semanas lutei, lutei… E consegui. Começaste a mamar e senti-me nas nuvens. Uma grande vitória!
Os dias foram passando, e com o pai por perto, mesmo sendo muito difícil, tudo parecia ir fluindo. Depois ele teve de voltar ao trabalho e ficámos só os 2.
Foi difícil filho. Não te vou mentir. Foi muito difícil.
Choravas muito. Dormias pouco. Dependias 24horas 7 dias por semana de mim. Ou para dormir de dia ou para dormir de noite. Eu pouco dormi, e ainda hoje pouco durmo. Mal comia, e pouco tempo tinha para mim.
O teu sono foi é difícil desde o primeiro dia que nasceste.
Nos primeiros meses só dormias ao colo, não ficavas em lado nenhum sozinho mais de 10minutos. Choravas. Eu não descansava. Ouvia que tinha de fazer isto ou aquilo, ou que era por mamares ou que era por isto ou aquilo. Mas fui aprendendo que não era nada disso. Tu és assim… e com o tempo vais lá, eu sei que sim. Tanto que aos 5 meses passaste a dormir sozinho na tua cama, e aos 7 meses passámos-te para o teu quarto para teres o teu cantinho. E gostaste. Custou-me mais a mim que a ti.
Foste mostrando que não gostavas de sítios com muita confusão, que barulho não era para ti. Não dormias a passear, não dormias no carro (choravas e ainda hoje ficas rabugento), não ficavas mais de 2h acordado porque ficavas com muito sono e choravas, não dava para irmos passear contigo, restaurantes era um tormento, festas de anos saímos a correr contigo a chorar até à exaustão. Antes de dormires choravas, às vezes horas. Era um desespero.
Admito que houveram dias muito complicados. Dias em que pus em causa o meu papel de mãe e a minha sanidade mental. As perguntas assombravam-me “Porquê que os filhos dos outros dormiam em qualquer lado e o meu não? Porquê que os outros bebés podiam ir para todo o lado e o meu não? Porquê que o meu filho só chora e não acalma comigo?”
Mas tu crescias forte e grande. Simplesmente eras assim e eu tinha de aceitar. Tinha de interiorizar que era uma fase.
Aos 7 meses voltei ao trabalho. E fez-me bem. Falar com outras pessoas, voltar à minha rotina. Tu ficas com as avós. És um sortudo acredita. Sem elas, não sei o que seria de mim. Ajudam em tudo. E tu assim ficas mais um tempinho em casa antes de ires para a escolinha no meio do amor das tuas avós.
Muitos dias vim eu trabalhar sem dormir. Muitos dias foram difíceis. Acho que mesmo assim poucas pessoas repararam.
Em casa, os dias foram passando. O teu pai é o melhor pai que poderias ter. Tem sido um desafio para ele também, apesar de às vezes andarmos às turras (porque sem dormir tudo se torna mais complicado) ele está sempre lá quando preciso e é ele que não me deixa afundar no cansaço. Adora brincar contigo e está desejoso para jogar contigo à bola e ensinar-te tudo o que sabe.
Os meses passaram e agora fazes 1 ano.
Já sabes tanta coisa. Com a tua evolução sinto que o amor é cada vez mais forte. Lembro-me tão bem do primeiro dia que sorriste para mim, do primeiro dia que comeste, do primeiro dia que começaste a rastejar e depois a gatinhar, do primeiro dia que te sentaste e do primeiro dia que te puseste de pé. Do primeiro dia que disseste mamã e do primeiro dia que disseste água (ába).
Adoras bolas, és capaz de passar um dia inteiro a brincar com bolas. Gostas de brinquedos que façam barulho e danças ao som das músicas que pomos no youtube.
Adoras comer. E já pedes “papa”. Adoras pão e gostas de beber leitinho de noite. Sim, já não mamas. Aos 11 meses a nossa aventura da amamentação terminou. Foi tranquilo, não foi drástico e foi o melhor para os dois porque desde esse dia começaste a dormir melhor. E eu comecei a sentir-me mais eu.
Ainda existem noites difíceis, especialmente quando os dentes dão “à costa”. Já vais a caminho dos 6 dentes. E adoro o teu sorriso cada vez mais completo.
As tuas gargalhadas são o que me alimenta a alma. Agora que tens dormido melhor também ando mais calma. E tu tens andado tão bem. Agarras-te a mim se alguém te tenta tirar do meu colo, encostas a cabecinha no meu ombro e eu derreto. Sinto que estou a fazer tudo bem!
Ainda adormeces ao colo. Já não é preciso estar de pé a embalar-te, nem na bola de pilates (que me salvou a vida tantas vezes nas tuas birras de sono), basta apenas estares ao colo no nosso sofá e que eu te cante músicas até adormeceres nos meus braços com a chuchinha e a tua fraldinha na cara.
O teu cabelo tem tantos caracóis. Nasceste muiiito cabeludo, mas de cabelo liso e escuro. Agora estás loirinho e de caracóis. E que lindo que estás meu amor. E grande.
És um bebé que precisa muito de atenção e atividade. Aborreces-te facilmente. Mas já começa a ser mais fácil lidar contigo. Já conseguimos ir a qualquer lado contigo e já passaste 2 noites na casa da avó Delfina. E ficas bem. Quando te vamos buscar vens feliz e isso é que importa. E os pais também têm um tempinho para eles.
Posso afirmar que és feliz. Olho nos teus olhos e transmites paz e amor.
E hoje quando olho para trás, apesar das dificuldades do início, sinto que eu e o pai fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para este primeiro ano passar o melhor possível. O maior desafio das nossas vidas sem dúvida, mas que a partir de agora vai sempre melhor!
Olho para ti e vejo que cresceste tanto. Que todas as horas dedicadas a ti e todo o colo que te dei (e dou) faz de ti o bebé independente que te estás a tornar.
Este é apenas o primeiro ano do resto da tua vida, e das nossas vidas.
Amo-te filho, tento dizê-lo todas as noites antes de te por na tua cama. Quero que saibas que a mãe e o pai serão sempre o teu porto de abrigo para a tua vida fora.
Este ano foi o mais intenso de toda a minha vida e sem dúvida o ano que me fez crescer e entender que ser mãe é o papel mais difícil mas também o mais compensador de todos os papéis que vou desempenhar em toda a minha vida.

Com amor,
Da tua mãe.

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